O conceito de ESG, ou seja, as melhores práticas ambientais, sociais e de governança, ganha importância cada vez maior no dia a dia dos investidores e das companhias de todo o mundo.
Esse tipo de investimento melhora a reputação das companhias no mercado, principalmente aquelas que têm o capital aberto ou estão planejando o IPO.
Mas, para que esses ganhos aconteçam, é preciso informar o mercado adequadamente sobre essas ações. E, neste ponto, ainda estamos nos movendo lentamente.
Entre as empresas listadas na Bolsa, por exemplo, nem metade divulgam relatórios de sustentabilidade ou o relato integrado.
Um dos empecilhos para a evolução desse reporte é a falta de padronização e normatização dos relatórios ESG em todo o mundo, o que agora começa a mudar.
Uma das ações mais recentes foi a parceria entre a Fundação IFRS, responsável pela padronização de divulgação de informações contábeis, e a GRI, que detém o padrão mais utilizado para divulgação de informações não financeiras.
As organizações se juntaram para definir um novo conjunto de normas para os reportes de sustentabilidade.
A história desse acordo, contudo, começa em 2021. Durante a COP-26, a Fundação IFRS anunciou a criação do ISSB, o conselho internacional de padrões de sustentabilidade.
Desde sua criação há pouco mais de um ano, o ISSB já divulgou duas minutas para consulta pública. Uma delas trata dos requerimentos gerais para divulgação de termos de sustentabilidade com base em riscos e oportunidades.
O outro envolve as divulgações sobre os temas de clima nas empresas e requerimentos de divulgações sobre os impactos das mudanças climáticas na posição financeira, na performance financeira e na geração de caixa.
Agora, o ISSB se juntará ao órgão consultivo do GRI sobre o tema, o GSSB. O trabalho em conjunto fornecerá dois ‘pilares’ aos relatórios de sustentabilidade internacionais. O primeiro, representando as normas do mercado de capitais, focadas no investidor, desenvolvidas pelo ISSB.
O segundo pilar fornecerá as normas para as necessidades de diferentes agentes do mercado, com base nos requerimentos do GSSB e compatíveis com o primeiro.
Outra discussão no sentido de normatização e padronização foi iniciada pela SEC, dos Estados Unidos, um órgão equivalente à CVM no Brasil.
A entidade propôs a criação de requerimentos para as empresas divulgarem os efeitos esperados das mudanças climáticas nas demonstrações financeiras. Elas também devem abrir informações sobre as emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa. O texto, porém, ainda não foi aprovado.
Esses esforços mostram a importância do reporte claro e correto das informações relacionadas ao ESG, tanto para investidores quanto para companhias.
É bom manter em mente que esse movimento já está acontecendo, e quem demorar para se integrar, irá perder investimentos. O novo perfil dos investidores e stakeholders quer demonstrações inequívocas de que os pilares de sustentabilidade, governança e ética estão sendo seguidos.