Um bom gerenciamento do capital de giro é fundamental para a manutenção de um negócio, tendo em vista sua capacidade de representar o total de recursos demandados pela companhia, com a finalidade de financiar recursos , como estoque, investimentos líquidos, pagamentos a receber, entre outros. Nesse caso, para garantir uma gestão eficiente, é necessário contar com uma boa projeção financeira.
Contudo, apesar da sua importância, nem todos os gestores entendem como executar esse processo, apresentando dificuldades em superar os principais desafios encontrados, ocasionando em uma má-gestão e prejuízos financeiros irreversíveis ao negócio.
Para ajudar nessa questão, elaboramos este conteúdo com Flavio Bastos, sócio diretor da IRKO, que explica a importância da projeção financeira para o gerenciamento do capital de giro e como executá-la. Confira
Qual é a relação do capital de giro e a sobrevivência da empresa no mercado?
Uma boa gestão do capital de giro é indispensável para a organização e saúde financeira da organização, assegurando um ambiente sustentável e que permite não apenas o desenvolvimento interno, mas também a expansão do volume de negócios.
Isso porque, ter conhecimento dos recursos necessários para o pleno funcionamento das atividades da empresa simplifica a administração, tornando-a mais eficaz e consistente. Sendo assim, os gestores precisam ter em mente que o capital ajuda na definição de um estabelecimento mais competitivo e com grandes chances de crescimento.
Além disso, mostrar como a viabilidade de arcar com as responsabilidades financeiras faz com que a companhia aumente a sua credibilidade no mercado, podendo contar com grandes parceiros, que vão contribuir para que se torne referência no ramo de atuação.
O que é projeção financeira e qual o seu objetivo?
Quando falamos de uma gestão de capital de giro eficiente, não podemos nos esquecer da importância da projeção financeira nesse processo, já que se refere à previsão de receitas e despesas futuras, mensurada por períodos, realizada, normalmente, considerando a saúde financeira no curto e médio prazo.
Dessa forma, possibilita uma visão real e antecipada do negócio, o que ajuda na redução de perdas financeiras, uma vez que a margem de erros é consideravelmente diminuída por meio do planejamento.
Como o cálculo da projeção financeira é realizado?
As projeções podem ser de curto prazo, ou médio e a longo prazo. As projeções feitas de curto prazo mensuram os ingressos e saídas de caixa de forma diária e semanal, enquanto que as projeções de longo prazo abrangem uma análise feita mês a mês, e normalmente com um ano de previsão. Já a de longo prazo antecipa a previsão por um período maior, de três até no máximo 5 anos, onde o cálculo é feito anualmente.
“A estimativa para ser considerada uma projeção assertiva, considera vários dados internos, históricos e fatores externos, como saldo da companhia, fluxo de caixa, vendas, despesas, ciclo de produção, que compreende desde a compra das matérias primas, até o produto final ser elaborado e estocado pronto para venda, levando-se em conta o comportamento do mercado, que pode ser um fator do histórico da empresa, ou estudo de empresas especializadas em “Marketing Intelligence”, além de dados cruciais sobre sazonalidade de vendas de acordo com a indústria ou segmento o qual a empresa pertence”, comenta Flávio.
Como garantir a eficiência da projeção financeira?
Existem alguns cuidados que devem ser observados no momento de criar a projeção financeira mais acertada para a empresa. Veja a seguir as principais ações a serem implementadas.
Realizar uma previsão de vendas e despesas
É fundamental elaborar uma projeção de vendas com fundamento em dados precisos em relação ao desempenho de vendas passadas. Sendo assim, é importante ter atenção para não estabelecer um valor com base em achismos e incerteza. Sendo assim, é preciso analisar o custo dos produtos, média mensal dos itens vendidos, o valor gasto por vendas e demais informações confiáveis.
No caso das despesas, para projetá-las, é necessário registrar os gastos com água, luz, internet, aluguel, marketing, entre outras taxas fixas e previsíveis. Ao realizar esse processo, ficará mais fácil entender os números da companhia e organizar melhor as finanças.
Atualizar os dados do fluxo de caixa com frequência
A averiguação do fluxo de caixa ajuda a encontrar os resultados insatisfatórios de maneira antecipada e, assim, propor medidas para solucioná-los em tempo hábil. Contudo, é preciso ter atenção e manter os dados sempre atualizados. Sendo assim, o mais adequado é fazer um levantamento do montante em caixa uma vez por mês, inserindo despesas fixas, retiradas e obrigações fiscais.
Assim, o processo de agendamento de investimentos futuros para aqueles períodos em que a organização terá mais recursos financeiros disponíveis se torna mais fácil. Também, ao identificar um capital escasso, saberá que a hora é delicada e inapropriada para investir, ou em casos mais extremos de buscar financiamento em instituições financeiras.
Compreender o ciclo financeiro do negócio
Caso a empresa esteja no mercado há muito tempo, é importante analisar os demonstrativos de lucros e prejuízos dos últimos anos. Fazendo isso, se torna mais simples prever com clareza o que pode acontecer com o departamento financeiro, além de criar estratégias sazonais para o negócio.
Outro ponto interessante é levar em consideração o comportamento dos consumidores, bem como conversar com outros administradores com o intuito de interpretar as alterações ocorridas no contexto econômico. A partir dessas questões, fica mais fácil alcançar um equilíbrio em relação ao quanto a companhia precisa investir e vender para manter o seu caixa sempre saudável.
É muito importante se estabelecer a diferença do resultado contábil da empresa x resultado financeiro, sendo que no primeiro constam itens que são incluídos através do princípio da competência. Por exemplo as férias e 13º dos funcionários são provisionadas mês a mês, cujos valores afetam o resultado contábil mensalmente, porém o uso do caixa acontece em períodos específicos do pagamento, que chamamos do conceito base de caixa. Outro evento por exemplo seria o pagamento de uma apólice de seguro, o qual o resultado contábil amortiza pelo período do contrato, enquanto o efeito caixa vai ser apontado no mês de seu pagamento e/ou parcelamento.
Garantir um sistema de gestão eficiente
Por meio de um bom sistema de gestão é possível gerir todos os dados relevantes para negócio. Então, é uma boa ideia contar com esse tipo de ferramenta para monitorar as contas a pagar, a receber, despesas fixas, faturamento, entre outras informações que vão ajudar a ter uma visão mais abrangente e realizar uma projeção mais efetiva.
Com o avanço da tecnologia, existem diversas ferramentas disponíveis no mercado capazes de oferecer essas funcionalidades, além de elaborarem relatórios de fluxo de caixa e demais recursos pertinentes para tomadas de decisões mais corretas por parte da empresa.
Acompanhar as projeções realizadas
No decorrer do tempo em que o estabelecimento for crescendo, é preciso fazer uma comparação das previsões feitas com os resultados obtidos. Esse conceito chamamos do controle do pré-calculo x pós-calculo, e isso vai permitir verificar se a companhia tomou as melhores decisões ou se é necessário realizar mudanças.
Esse cuidado vai contribuir para um melhor entendimento a respeito do ciclo de fluxo de caixa do negócio e detectar possíveis erros no começo, o que aumenta as chances de uma resolução efetiva.
Não há dúvidas sobre a importância de manter uma gestão de capital de giro eficiente e a contribuição da projeção financeira nesse processo. Sendo assim, o ideal é contar com o auxílio de um parceiro com expertise no assunto.
No nosso ambiente de finanças é comum ouvirmos um ditado que diz: “O resultado contábil não quebra a empresa, mas o fluxo de caixa negativo sim”, finaliza Flávio.
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