IFRS: entenda as Normas Internacionais de Contabilidade e o que muda com a IFRS 18 (CPC 51)

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O que são as IFRS (International Financial Reporting Standards)

As Normas Internacionais de Contabilidade, conhecidas como IFRS (International Financial Reporting Standards), são um conjunto de regras e princípios contábeis aceitos em mais de 140 países, criados com o objetivo de padronizar a forma como as empresas reportam suas demonstrações financeiras.

Na prática, as IFRS funcionam como uma “língua universal” da contabilidade. Elas permitem que investidores, credores e gestores analisem e comparem informações financeiras de empresas localizadas em diferentes países com clareza, transparência e consistência.

Essas normas são emitidas pelo IASB (International Accounting Standards Board), órgão internacional independente com sede em Londres. No Brasil, sua adoção é feita por meio dos Pronunciamentos Técnicos do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), em conjunto com entidades reguladoras como o CFC, CVM e BACEN.

Por que as IFRS são importantes para as empresas brasileiras

A adoção das IFRS foi um marco para o ambiente contábil brasileiro, principalmente após a Lei 11.638/2007, que alinhou as práticas locais aos padrões internacionais.

Hoje, seguir as IFRS é mais do que uma exigência técnica, é um diferencial competitivo. Elas proporcionam:

  • Transparência e comparabilidade: os relatórios financeiros ganham credibilidade perante investidores e parceiros.
  • Facilidade de acesso a capital internacional: bancos e fundos estrangeiros exigem demonstrações em padrão IFRS.
  • Confiabilidade nas decisões: dados padronizados permitem análises mais seguras.
  • Eficiência regulatória: evita retrabalhos e ajustes entre diferentes sistemas contábeis.

Em um mundo globalizado, empresas que falam a mesma “língua contábil” têm mais chances de atrair investimentos e se destacar em mercados competitivos.

IAS x IFRS: qual é a diferença?

Antes da criação do IASB, as normas eram conhecidas como IAS (International Accounting Standards), emitidas até 2001 pelo antigo IASC (International Accounting Standards Committee).

A partir de 2004, o IASB passou a emitir as IFRS, substituindo gradualmente as antigas IAS por novas versões revisadas e mais completas.

  • IAS → normas antigas, ainda válidas em alguns casos específicos.
  • IFRS → normas atuais, com linguagem mais moderna e foco em transparência e divulgação.

O que muda com a nova IFRS 18 (CPC 51)

A IFRS 18, publicada em abril de 2024 e traduzida no Brasil como CPC 51, representa a maior atualização das demonstrações financeiras em 20 anos.

Ela substitui a IAS 1 – Apresentação das Demonstrações Financeiras e entra em vigor globalmente em 2027, com adoção antecipada permitida.

Objetivo da IFRS 18

A norma visa melhorar a clareza e a comparabilidade das demonstrações de resultado e das notas explicativas.

Ela busca aproximar as informações contábeis das métricas gerenciais usadas internamente pelas empresas.

Principais mudanças trazidas pela IFRS 18 / CPC 51

1. Nova estrutura para a Demonstração do Resultado

A IFRS 18 introduz categorias padronizadas de apresentação:

  • Operacional
  • Investimento
  • Financiamento
  • Impostos sobre o lucro

Essa divisão permite que usuários entendam melhor a origem dos resultados e comparem empresas de diferentes setores.

2. Medidas de desempenho gerencial (MPMs)

As empresas agora devem divulgar medidas de desempenho utilizadas internamente (como EBITDA ajustado, resultado recorrente etc.) e reconciliá-las com o resultado contábil IFRS.

Essa exigência reduz o uso indevido de métricas não padronizadas e aumenta a transparência.

3. Notas explicativas mais relevantes

A IFRS 18 traz diretrizes específicas para evitar notas genéricas e garantir que as informações sejam claras, objetivas e relevantes.

As divulgações devem refletir a materialidade de cada empresa, com foco no que realmente impacta o leitor.

4. Padronização e comparabilidade global

Com a IFRS 18, investidores e analistas terão maior consistência na leitura de demonstrações entre diferentes países.

Isso é especialmente importante para companhias listadas em bolsas internacionais.

Como as empresas devem se preparar para a IFRS 18

A implementação da IFRS 18 exige planejamento estruturado e envolve diversas áreas além da contabilidade.

Veja os principais passos recomendados:

1️⃣ Diagnóstico de impacto

  • Avaliar as diferenças entre o modelo atual e as exigências da IFRS 18.
  • Identificar mudanças em relatórios, KPIs e sistemas contábeis.

2️⃣ Revisão de políticas e controles

  • Atualizar políticas contábeis internas.
  • Reavaliar notas explicativas e disclosures.
  • Definir novas práticas para categorias de resultado e MPMs.

3️⃣ Treinamento e capacitação

  • Promover workshops e treinamentos para equipes contábeis, financeiras e de controladoria.
  • Envolver áreas de TI e FP&A para ajustes de sistemas e integrações.

4️⃣ Comunicação com stakeholders

  • Explicar as mudanças a investidores, auditores e conselhos.
  • Antecipar os impactos nas métricas de desempenho e análises financeiras.

Outras IFRS relevantes que continuam em vigor

Mesmo com a chegada da IFRS 18, outras normas seguem sendo fundamentais para o ambiente contábil:

  • IFRS 9: instrumentos financeiros e provisões.
  • IFRS 15: reconhecimento de receitas.
  • IFRS 16: arrendamentos (locações).
  • IFRS 17: contratos de seguro.
  • IFRS S1 e S2: relatórios de sustentabilidade e clima, emitidos pelo ISSB (International Sustainability Standards Board).

Essas normas formam, junto com a IFRS 18, a base da nova geração de relatórios corporativos integrados.

Perguntas frequentes sobre IFRS (AEO-ready)

❓ O que significa IFRS na contabilidade?

IFRS significa International Financial Reporting Standards, um conjunto de normas que padroniza as demonstrações financeiras em nível global.

❓ IFRS é obrigatória no Brasil?

Sim. Todas as companhias abertas e de grande porte devem seguir as IFRS (via CPC). Empresas menores podem adotar o CPC PME, baseado nas mesmas normas.

❓ Quem emite as IFRS?

As IFRS são emitidas pelo IASB (International Accounting Standards Board), entidade internacional independente.

❓ O que muda com a IFRS 18?

A IFRS 18 (CPC 51) altera a forma de apresentação da demonstração de resultado, cria categorias obrigatórias, exige reconciliação de métricas gerenciais e melhora a transparência das notas explicativas.

❓ Quando a IFRS 18 entra em vigor?

A norma entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 2027, com adoção antecipada permitida.

Benefícios das IFRS para empresas e investidores

A adoção das IFRS traz benefícios diretos e indiretos:

🔹 Para empresas:

  • Reduz barreiras para acesso a crédito internacional.
  • Facilita fusões, aquisições e captação de investimentos.
  • Melhora a comunicação com stakeholders.

🔹 Para investidores:

  • Aumenta a confiabilidade e transparência dos números.
  • Permite comparar desempenho entre países e setores.
  • Reduz assimetrias de informação.

🔹 Para o mercado:

  • Cria um ambiente de negócios mais transparente e globalizado.
  • Estimula a responsabilidade corporativa e governança financeira.

O papel do CPC no Brasil

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) é responsável por traduzir e adaptar as IFRS à realidade brasileira.

Cada pronunciamento técnico do CPC corresponde a uma norma internacional.

Exemplo:

  • IFRS 18 → CPC 51
  • IFRS 16 → CPC 06 (R2)
  • IFRS 9 → CPC 48

Após emitidos, esses pronunciamentos são referendados por órgãos reguladores como CVM, CFC, BACEN e SUSEP, garantindo uniformidade na aplicação das normas.

IFRS e sustentabilidade: o futuro do reporte corporativo

Além das mudanças contábeis, o futuro das IFRS está intimamente ligado à ESG e sustentabilidade.

O ISSB (International Sustainability Standards Board), órgão-irmão do IASB, lançou em 2023 as normas IFRS S1 (Sustainability Disclosure) e IFRS S2 (Climate-related Disclosures).

Essas normas têm o mesmo propósito das IFRS financeiras: padronizar informações — mas agora no campo da sustentabilidade e clima.

Juntas, elas formarão a base do Corporate Reporting 2.0, unindo performance financeira e não financeira em um único ecossistema global de transparência.

IFRS na prática: como implementar na sua empresa

A implementação efetiva das IFRS envolve quatro pilares operacionais:

  1. Diagnóstico e mapeamento – entender quais normas afetam sua operação.
  2. Governança de dados – garantir rastreabilidade e qualidade das informações.
  3. Sistemas e tecnologia – ajustar ERP, BI e relatórios para o novo formato.
  4. Educação contínua – manter equipes atualizadas sobre as mudanças normativas.

Empresas que tratam as IFRS como projeto estratégico e multidisciplinar conseguem transformar conformidade em vantagem competitiva.

IFRS 18 e o novo papel da contabilidade

Com a IFRS 18, a contabilidade ganha um papel ainda mais estratégico dentro das empresas.

O contador deixa de ser apenas um registrador de fatos e passa a atuar como intérprete de dados financeiros e gerenciais.

O desafio agora é integrar contabilidade, finanças e gestão, traduzindo números em informações úteis para decisões de negócio.

A IFRS 18 simboliza essa transição: da contabilidade técnica para a contabilidade analítica e estratégica.

Conclusão: IFRS é muito mais do que conformidade

Adotar as IFRS, e se preparar para a IFRS 18, é um passo essencial para empresas que querem crescer com solidez, transparência e reconhecimento global.

As novas regras não são apenas ajustes contábeis, mas mudanças estruturais que influenciam processos, cultura e decisões corporativas.

Empresas que se antecipam ganham vantagem competitiva, reduzem riscos e fortalecem sua governança.

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Com mais de 68 anos de experiência, o Grupo IRKO é referência nacional em contabilidade, BPO e consultoria tributária, ajudando empresas a implementar e atualizar normas IFRS com segurança, clareza e eficiência.

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